Escrevo, triste, no meu quarto quieto,
sozinho como sempre tenho sido,
sozinho como sempre serei.
E penso se a minha voz,
aparentemente tão pouca coisa,
não encarna a substância
de milhares de vozes,
a fome de dizerem-se de milhares de vidas,
a paciência de milhões de almas submissas
como a minha ao destino quotidiano,
ao sonho inútil, à esperança sem vestígios.
Nestes momentos meu coração pulsa
mais alto por minha consciência dele.
Vivo mais porque vivo maior.
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